Crédito: Tihtih
Raduan Murad e Jamil Bichara descobriram a América
juntos: vieram no mesmo barco de imigrantes e desembarcaram na Bahia em 1903. No
litoral sul do Estado, eram chamados de “turcos”, forma brasileira de designar
todos os árabes, fossem eles da Síria, do Líbano ou de fato da
Turquia.
Definido pelo autor como um “romancinho”, A descoberta da
América pelos turcos é uma narrativa breve sobre a contribuição dos
descendentes de árabes na civilização do cacau, durante a época em que coronéis
e jagunços disputavam as terras virgens da região de Ilhéus.
O libanês Raduan
e o sírio Jamil decidiram então tentar a sorte no eldorado do cacau. Jamil se
estabeleceu no povoado de Itaguassu, onde abriu um pequeno comércio. Raduan
preferiu permanecer em Itabuna, onde freqüentava as mesas de pôquer, os
botequins, os cabarés e as pensões de mulheres.
O enredo, curto e hilariante,
apresenta a história de um casamento arranjado, mas de difícil realização.
Ibrahim Jafet, viúvo e pai de três beldades (Samira, Jamile e Fárida), quer
casar sua última filha solteira, a severa e mal-ajambrada Adma. Ao pretendente,
oferece sociedade no armarinho O Barateiro, estabelecimento de tradição e
administração familiar.
Tentado por Shitan, o tinhoso dos muçulmanos, e pelo
amigo Raduan, o sírio Jamil vai pensar seriamente no negócio: para herdar O
Barateiro, faria o sacrifício de se casar com Adma? Escrito com humor desbocado
e o enlevo narrativo próprio do autor, A Descoberta da América pelos
Turcos faz um elogio da mestiçagem dos sangues árabe e baiano, em seus
elementos de fraternidade, alegria e erotismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário