quarta-feira, 25 de abril de 2007

Um Pouco da História do Estado de Goiás - Até 1770

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O nome do estado origina-se da denominação da tribo indígena guaiás, que por corruptela se tornou Goiás. Vem do termo tupi gwa ya que quer dizer indivíduo igual, gente semelhante, da mesma raça.

Os Bandeirantes chegam a Goiás

A assinatura do Tratado entre Portugal e Espanha sob a bênção papal motivou a criação de vários grupos de pessoas interessadas em descobrir terras novas e principalmente metais preciosos. As Bandeiras foram formadas principalmente por particulares atraídos pelas benesses oferecidas pelo rei de Portugal. Dentre as expedições organizadas, destaca-se a que foi chefiada por Sebastião Marinho em 1.592 – um século após o descobrimento da América. O domínio de Portugal pela Espanha em 1.580 deixou o Tratado de Tordesilhas sem efeito e, com isso, os portugueses puderam expandir seu domínio muito além dos limites descritos pelo referido tratado que tinha uma linha imaginária cortando uma região denominada “Sertão dos Gentios Goiá”.
Documentos antigos relatam a existência de ouro no Centro Oeste do Brasil. Em várias partes do mundo existem documentos relatando a existência de um Eldorado no interior da Ilha de Santa Cruz. Falam de Atlântida, o continente perdido, matas e rios além-mar. “O caminho do Eldorado era uma teoria renascentista, de origem fenícia, que apoiava a tese de que ouro aflora num grande veio seguindo um largo caminho paralelo ao Equador”.
Durante o período colonial o Brasil era dividido em Capitanias. Elas eram hereditárias no início. Mais tarde passaram a ser administradas por representantes do rei de Portugal. Os administradores das capitanias recebiam o título de conde. Goiás pertencia à Capitania de São Paulo. Quem se aventurasse a formar uma expedição em busca de minas e outras riquezas recebiam o título de Guarda-mor e eram obrigados a entregar “UM QUINTO” de sua produção dos minérios à Fazenda Real.
Bartolomeu Bueno, o Anhanguera (fantasma em Tupy Guarani), chegou às cabeceiras do Tocantins em 1683. Fazia parte da expedição seu filho Bartolomeu Bueno da Silva, com apenas 12 anos de idade. Com a morte do pai, o filho acabou herdando o direito de continuar explorando as minas já demarcadas nas terras dos índios Goiá. Foi assim que organizou uma nova expedição no ano de 1722. Por ter encontrado muitas minas acabou sendo nomeado pelo conde da Capitania de São Paulo como Superintendente das Minas de Goiás. Como Superintendente ele nomeou vários guardas-mores para as diversas minas. Foi assim que nomeou Antônio de Oliveira Costa como guarda-mor das Minas de Meia Ponte.Nas igrejas e nas casas já não se falava mais em páscoa. O tempo era propício às aventuras por terras desconhecidas e pouco tocadas pelos homens. Era uma madrugada fria do outono quando os integrantes da expedição chegaram às portas da residência de Rodrigo César de Menezes, governador e Capitão General da Capitania de São Paulo. A expedição comandada por Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (filho), contava com mais de uma centena de homens, quarenta cavalos de reservas carregados de mantimentos e muitas armas. Fizeram parte da expedição dois religiosos: o frei Cosme e o frei George.
Bartolomeu Bueno da Silva já conhecia as terras das Minas de Goiás uma vez que ele participou da expedição comandada pelo seu pai Bartolomeu Bueno em 1683, com apenas 12 anos de idade. A partida de São Paulo ocorreu no início do ano de 1722. Com pouco recursos, o chefe da expedição colocou seu genro João Leite Ortz como sócio da aventura que foi totalmente bancada pelos dois, uma vez que o governo não podia financiar essas expedições. Os aventureiros tiveram que evitar parar nas Minas Gerais, em função do acordo firmado entre o governo da Capitania de São Paulo e Minas Gerais com o governo da Capitania do Rio de Janeiro, depois do fim da Guerra dos Emboabas, quando os primeiros exploradores travaram com os paulistas que chegavam em busca de ouro daquela parte da Capitania de São Paulo, uma verdadeira batalha.
A comitiva permaneceu vários meses à procura de vestígios deixados por Bartolomeu Bueno (pai), quarenta anos antes. Ao chegar às margens do Rio Vermelho, deparou-se com algumas roças e pequenas construções deixadas pelo primeiro dos anhangueras. Foram vários anos de muito sofrimento, morte, lutas com os índios e até com bichos selvagens. Conta-se que alguns homens foram comidos por onças famintas. Os desbravadores tiveram que enfrentar enfermidades e muitas mortes causadas por doenças desconhecidas. Três anos depois, o Anhanguera (filho) retornou a São Paulo, levando consigo os mapas das minas de ouro, prata e diamante.
No ano seguinte (1.726) Bartolomeu Bueno da Silva retorna para o sertão. Agora, com mais equipamentos, gente e determinado a fundar povoados e até mesmo ficar, para sempre, nas terras das minas. Teve dificuldade para assumir o cargo de Superintendente das Minas dos Goiases, porque o governador da Capitania de São Paulo não era mais Rodrigo César, mas Caldeira Pimentel. Foi necessária a intervenção direta do rei D. João V, de Portugal, para solucionar a questão. Recebeu o título de Capitão-mor, com direito de nomear os guardas-mores para cada mina de ouro demarcada.
Ao chegar às margens do Rio Vermelho, fundou o arraial de Santana, que mais tarde passou a se chamar Vila Boa. Construiu algumas casas e a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte. As notícias de existência de ouro em diversas partes das Minas dos Goiases motivaram a formação de dezenas de expedições de aventureiros em busca de riquezas nas novas terras. Para cá vieram novos exploradores, negros e índios que viviam no litoral da colônia.
As minas eram exploradas pelos guardas-mores que se comprometiam a pagar 20% (quinta parte) para a Fazenda Real. O serviço de extração do ouro era rudimentar. Para maior produtividades usavam o sistema de aluvião, ou seja, os garimpeiros retiravam o ouro cavando os barrancos dos rios. Essa técnica é profundamente predatória, uma vez que se destroem o ecossistema. Além da agressão à natureza, os exploradores utilizavam mão-de-obra escrava. Quando faltava negro para o trabalho, escravizavam os aborígines. Para fugir, os índios lutavam até ao quase extermínio das tribos. Foi em função dessas lutas que muitas nações indígenas quase foram extintas e algumas delas foram obrigadas a recuar para a Amazônia, deixando seus costumes para trás, uma vez que fizeram mudanças bruscas de seu ecossistema de cerrado para matas fechadas.

Até 1.749, Goyas nada significava como parte administrativa da Colônia. Apenas suas minas eram cobiçadas pelos portugueses. As Minas de Goyas eram governadas de longe pelo governador da Capitania de São Paulo, o que dificultava uma ação mais enérgica no sentido de coibir o contrabando do ouro. As Minas de Goyas eram dirigidas por um superintendente, o qual não dispunha de recursos e quase nenhuma autonomia para tomar as decisões emergenciais. A princípio, o cargo de superintendente foi ocupado por Bartolomeu Bueno, o segundo Anhanguera.
Com o crescimento da população que nos primeiros trinta anos pulou de 10 mil para 60 mil pessoas, não poderia mais ser administrada de longe. Gastava-se meses para um mensageiro sair de São Paulo até chegar às Minas de Goyas. Devido a esta dificuldade que as autoridades portuguesas (Conselho Ultramarino) decidiram criar a Capitania de Goyas. Com ela viria um governador com a mesma autonomia dos governos das demais capitanias.

Governo de D. Marcos José.
(o sexto Conde dos Arcos)
No dia 8 de novembro de 1.749, chega a Vila Boa o primeiro governador da Capitania de Goyas. Ele veio de Pernambuco, onde já havia ocupado o cargo de governador da Capitania de Pernambuco (1.745). Seu governo foi marcado pela repressão ao contrabando de ouro e pelo combate à sonegação dos impostos advindo das dezenas de minas já existentes na região. Era português de nascimento, porém já vivia há vários anos no Brasil. Era descendente de uma família com ramificação no governo português, por isso recebeu o título de Conde. Pela ordem foi o sexto CONDE DOS ARCOS.
Durante os seis anos de seu governo, fez várias viagens às mais distantes minas de ouro, dentre as quais a de Meia Ponte (hoje Pirenópolis) e de São Felix. Manteve a produção sob rígido controle, além de impor uma permanente vigia sob os rios considerados de grandes reservas de ouro. Assinou vários contratos para extração do ouro, dando autonomia aos contratadores para que pudessem impor a ordem entre os garimpeiros e principalmente no sentido de coibir a aproximação dos mineradores clandestinos. Depois de seis anos, deixa o governo da Capitania de Goyaz para assumir o cargo de Vice Rei do Brasil. No seu lugar assumiu o Conde de São Miguel (30 de agosto de 1.755). Governou até 1.759. Sua prioridade foi lutar com os índios, chegando ao quase extermínio das aldeias de Acroás e Tacriabás. Combateu os sonegadores de impostos, e principalmente os contrabandistas de ouro.
O seu ponto negativo foi a total submissão ao Governo Português. Em tudo consultava a corte e, devido à demora para obter as respostas, seu governo chegou ao final sem que nenhuma medida que tivesse marcado sua administração.

Governo de João Manoel de Melo - (1.759-1.770)
Ele criou a forca na Capitania de Goyaz
No início da existência da Capitania de Goyaz, a justiça era ainda rudimentar. Devido à impunidade se matava por banalidade. Juntando a isso, o governo não tinha controle também na sonegação e no contrabando. Era o império da desordem e, o que valia mesmo era a lei do mais forte.
Nesse quadro, assumiu o governo João Manoel de Melo, que promoveu uma devassa na administração anterior. Visitou as principais minas, inclusive as mais distantes como é o caso das Minas de São Félix.
João Manoel de Melo enviou ao rei de Portugal um relatório da precariedade da Capitania de Goyaz. Dentre as autorizações que o novo Governador conseguiu com as autoridades portuguesas, consta a implantação da forca, para barrar a bandidagem que tomava conta da Capitania. Poucos meses depois de instaurada a pena capital, com dezenas de réus condenados a morte, várias sentenças foram executadas. Com isso, a criminalidade foi praticamente banida da Capitania e a ordem restabelecida, mesmo porque além dos criminosos, outros contraventores foram executados.
Para comandar a devassa nas contas do Governo anterior, veio, em julho de 1.762, do Rio de Janeiro, o Desembargador Manoel da Fonseca Brandão. Várias autoridades e altos funcionários foram presos, inclusive o Ouvidor Geral da Capitania e o Contratador das Entradas, João Alves Vieira. Também foram presos todos os tesoureiros que haviam servido o Governo da Capitania. Muitos dos presos foram enviados para o Presídio do Limoeiro, em Lisboa.
O Governo de João Manoel de Melo foi rico em expedições para várias partes do Território da Capitania. Essas expedições tinham por meta a procura de novas minas de ouro e reconhecimentos de terras, bem como a pacificação de várias nações indígenas. No seu Governo, socorreu a Capitania de Mato Grosso, enviando 200 homens para defender aquele governo.
Durante os onze anos em que governou a capitania de Goyaz, João Manoel de Melo, deu ênfase ao processo de consolidação do sistema administrativo da Capitania e ajudou na infra-estrutura de Vila Boa, principalmente na edificação de prédios públicos e na urbanização da Capital. João Manoel de Melo priorizou também a educação, dando os primeiros passos na abertura de escolas de alfabetização, notadamente aos filhos dos trabalhadores das minas. Foi de fato o primeiro governo a impor a ordem no território e dominando todos os setores da sociedade com sua mão de ferro. Devido ao seu exemplo de austeridade a administração, a Capitania passou a ser respeitada e com isso a arrecadação cresceu muito.

3 comentários:

  1. Foram tempos de grande riqueza na corte portuguesa e na burguesia, embora o povo pouco tenha lucrado.
    No processo, duas raças sofreram imensamente, os índios e o povo africano.
    Bj
    Rosa

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  2. Completamente verdadeiro o que você disse. Infelizmente a história do Brasil foi feita em cima dessas duas raças, dizimando uma e escravizando a outra. E enquanto nas mãos de Portugal! Uma pena.
    Bjs
    Yolanda

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  3. Yolanda.. estou tentando entender em que momento se deu o marco principal em relação a economia do estado nesta época..Outra coisa tambem é em que momento as cidades foram surgindo exatamente em algum goveno expecifico? vc sabe qual?
    Obrigada!
    Bjim

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